A presidente do Tribunal Regional Federal da 6ª região, desembargadora federal Mônica Sifuentes, belo-horizontina e escritora, como Conceição Evaristo, compôs a mesa de honra que celebrou a posse da primeira mulher negra imortal, um momento histórico na Academia Mineira de Letras. A cerimônia aconteceu nesta sexta-feira (8), Dia Internacional da Mulher.
A escritora passa a ocupar a cadeira 40, deixada pela ensaísta, romancista e poeta Maria José de Queiroz, que morreu em novembro de 2023.
Conceição Evaristo nasceu na favela do Pindura Saia, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, em 1946. A primeira publicação da ficcionista, ensaísta e poetisa foi lançada em 1990 na série Cadernos Negros, antologia coordenada pelo grupo Quilombhoje.
Ao ser empossada a poeta e escritora afirmou: "Estar aqui faz com que eu traga a história de outras mulheres que foram impedidas de estar aqui. Mas, ao mesmo tempo, eu não me iludo e eu quero chamar a atenção sobre isso. Eu sou exceção e uma exceção confirma a regra. Então, alguma coisa há pra se arrumar na sociedade brasileira, para que não seja mais uma exceção uma mulher negra chegar na Academia Mineira de Letras, ou em outras academias, ou em outros espaços de poder".
Aos 77 anos, Conceição Evaristo recebeu diversos prêmios ao longo da carreira. Em 2019, foi a grande homenageada do 61° Prêmio Jabuti como personalidade literária. Em 2023, foi agraciada com o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano.
A desembargadora federal salientou a importância de celebrar a trajetória e as conquistas de uma mulher negra ocupando um lugar de destaque na literatura e na cultura brasileira. "É uma honra estar aqui hoje, testemunhando a posse de Conceição Evaristo, uma figura inspiradora que representa a força, a resiliência e o talento das mulheres negras em nosso país. Sua presença nesta academia não apenas enriquece o cenário literário, mas também nos desafia a refletir sobre as injustiças e desigualdades que ainda permeiam nossa sociedade. Que este momento sirva como um marco para o reconhecimento e valorização da diversidade e da inclusão em todas as esferas de poder e cultura."
A posse de Conceição Evaristo na Academia Mineira de Letras marca não apenas um momento de celebração literária, mas também um avanço significativo na luta por representatividade e igualdade. Que seu exemplo inspire futuras gerações e que sua voz continue ecoando, transformando e desafiando paradigmas, rumo a uma sociedade mais justa e inclusiva para todos.